COMO AS ESCOLAS E OS ALUNOS DEVEM
SE COMPORTAR NO PERÍODO DE CRISE? Como podem evitar um esvaziamento de turmas
ou mesmo a inadimplência?
A crise instalada no país já
chegou aos bancos das escolas e das universidades. Todo dia surge nos jornais
de grande circulação ou nas revistas nacionais informações sobre este assunto,
relatando, por exemplo, que há aumento da inadimplência e risco de esvaziamento
de turmas para o próximo ano (2016), sobretudo, das classes C e D, que mais
migraram para o ensino particular nos últimos anos e, agora, apresentam uma
tendência de retorno ao ensino público. Veja este exemplo publicado
originalmente na Agência Brasil:
Escolas particulares estimam que até 12% dos alunos migrem para
a rede pública
Mariana
Tokarnia - Agência Brasil - 18/10/2015 -
Brasília, DF
As
escolas particulares poderão perder de 10% a 12% das matrículas em 2016,
segundo estimativa da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). Com
a crise econômica, os pais ou responsáveis estão com dificuldades para pagar as
mensalidades.
Essa
semana a Serasa Experian divulgou que a inadimplência dos alunos de
instituições particulares de ensino fundamental, médio e superior no país
aumentou 22,6% no primeiro semestre de 2015 em comparação com o mesmo período
do ano anterior. Essa foi a maior alta, em um primeiro semestre, desde 2012.
Considerando apenas as escolas de ensino fundamental e médio, a inadimplência
aumentou 27,2% nos primeiros seis meses de 2015 em relação ao mesmo período de
2014.
`A
gente imagina que [a migração] vai pegar as escolas onde estão as classes C e
D, que são as escolas que mais cresceram nos últimos anos`, disse a diretora da
Fenep, Amábile Pacios. Segundo ela, esses alunos deverão trocar o ensino
particular pelo público.
As
mudanças já começaram este ano. No mês passado uma pesquisa do Ibope Inteligência
para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que a crise econômica
levou 13% dos entrevistados a trocar os filhos de escola privada para escola
pública de junho de 2014 a junho deste ano. A pesquisa foi feita entre os dias
18 e 21 de junho de 2015, com 2.002 pessoas de 16 anos ou mais. A margem de
erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Em
relação às mensalidades do ano que vem, Amábile informou que a Fenep não tem
uma média nacional das altas. Segundo ela, como as escolas só podem decidir o
ajuste uma vez por ano, aumentos no custeio que ocorreram em 2015 deverão ser
incorporados, além de reajustes nos salários dos professores previstos para o
próximo ano.
`A
gente sabe que quem tem alguma gordura (no orçamento), que são poucas escolas,
e que podem poupar o aumento, vão poupar, mas a maioria vai fazer o reajuste
dentro das planilhas`, disse. De acordo com Amábile, a situação das famílias
que a escola atende deverão ser consideradas na hora do reajuste.
Quanto
aos valores devidos, Amábile diz que cabe aos pais e a direção da escola
renegociarem as dívidas, mas que isso varia de escola para escola. `A
inadimplência sempre foi renegociada, mas isso tem que ser individualmente com
a família e o gestor da escola. Isso sempre acontece e acontece esse ano
também`, explicou.
As
escolas particulares concentram 9,1 milhões de matrículas, que equivalem a
pouco mais de 18% das 49,8 milhões de matrículas na educação básica, segundo o
último Censo Escolar, de 2014, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Diante deste cenário devemos nos
programar, planejar e executar ações que diminuam o impacto nas escolas, no ano
de 2015 e para o ano de 2016. É muito importante compreender o cenário, como
isso está refletido na sua instituição e, a partir disso, planejar ações
concretas e até mesmo ter um “plano B” para 2016.
Vamos separar, inicialmente, o
assunto, em dois temas mais relevantes: (i) como agir diante da inadimplência
de 2015 que gera um prejuízo e gera também a impossibilidade de matrícula para
2016? (ii) como agir diante da possível queda de matrículas para 2016?
Sugerimos que a instituição de
ensino faça um levantamento de como está a inadimplência, estude o impacto no
orçamento para possibilitar possíveis ações imediatas de diminuição de custos,
mas não perca de vista a necessidade de imediatamente criar um plano de ação
específico para agir diretamente com os inadimplentes.
Ou seja, criar um programa
antecipado de negociação que possibilite parcelamentos, pagamentos com
descontos ou pagamentos alternativos que deem uma dimensão específica de quem
pretende negociar e, com isso, permita-se visualizar, inclusive, possíveis não
matrículas para 2016 de forma antecipada. Por exemplo, se apenas 75% dos
inadimplentes atuais de 2015 negociarem efetivamente um acordo pode-se ter em
mente uma diminuição aproximada de 25% em 2016, inclusive, com um mapa poderá
ser visualizado em que séries e turmas isso ocorrerá, permitindo melhor
planejamento para o ano que vem.
E, vislumbrando o potencial de
queda de matrículas para 2016 organizar-se em duas frentes: a primeira de
aproximação efetiva com estes pais que não se manifestaram sobre a
possibilidade de negociação com valores atrasados, para que se tenha mais
precisão sobre as transferências e para que se possa, de forma mais
individualizada, se o caso, propiciar a continuidade deste aluno negociando
algum desconto, buscando alguma alternativa de política de bolsa ou incentivo,
etc.
Então, podemos concluir que não é
possível ficar parado e aguardar o que vai acontecer. A instituição de ensino
superior precisa se antecipar e não reagir à crise. É preciso estudar o cenário,
estabelecer um plano de ação e efetivamente executar esse plano em busca de
diminuir o impacto da inadimplência no caixa da empresa, bem como nas
matrículas para 2016! Com planejamento a ação se torna mais eficaz e eficiente!
Sucesso para todos!!
Equipe CMO Advogados
Setor educacional